Meu cantinho de leitura e estudos

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sexta-feira, 31 de julho de 2015

Dica de filme para o seu final de semana:

O Preço de Uma Verdade
Por Murilo Souza
Jornalista graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina
Stephen Glass era um azougue. Falante e persuasivo, conseguiu ser o destaque em grande parte das reuniões de pauta da publicação americana The New Republic. Escoltado por uma argumentação veemente, transformou suas idéias em reportagens que se consagraram nas páginas da revista. Para cada sugestão, uma matéria. Para cada matéria, uma estratégia. Invariavelmente ardiloso, o jornalista teve sua trajetória profissional retratada em um longa-metragem de 103 minutos, lançado em 2003, mostrando um detalhe que ele mesmo tentou manter em segredo por muito tempo.
Aos 26 anos, Glass já havia escrito para as revistas George, Harper’s e Rolling Stones. Pessoas e fatos insólitos, com todas as suas nuances, sempre estiveram ao seu alcance. Era considerado um ícone. Tanto que em certo momento, convidado pela direção da universidade onde estudou, passou a dar palestras falando sobre sua carreira. Já famoso, chegou ao cargo de editor-associado da conceituada revista de política e atualidades The New Republic, a única a circular dentro do Air Force One – o avião oficial do presidente dos EUA. 
O brilhantismo do repórter começou a entrar em colapso quando em uma das reuniões de pauta da revista ele se propôs a escrever sobre a vida de um hacker de 13 anos de idade. Aprovada a idéia, a fantástica reportagem, publicada em 1998, com o título O Paraíso dos Hackers, contava a história de um adolescente prodígio capaz de burlar e invadir o sistema de informações de uma grande empresa de softwares. Nela, entre outras coisas, Glass mostrava como seria a relação indecorosa entre o adolescente e a empresa, logo após o garoto ter sido contratado para ser consultor de segurança. A reportagem detalhava ainda uma série de provocações inescrupulosas, geralmente baseadas em chantagens e demandas fúteis, feitas pelo jovem nerd.
Cobrado pelo chefe por não cobrir o assunto, Adam Penenberg, repórter da Forbes Digital, passou a investigar a história por conta própria. Para sua surpresa, descobriu que a matéria não passava de uma farsa, uma invenção. A partir de uma checagem das informações, o repórter da Forbes ficou sabendo que Glass, minuciosamente, havia inventado não só o adolescente, mas também um encontro nacional de hackers, a própria empresa de softwares e, inclusive, o conjunto de exigências feitas pelo garoto enquanto negociava para se tornar o consultor de segurança da empresa. Com o objetivo de despistar a checagem dos fatos, Glass costumava forjar as próprias anotações. Uma investigação mais aprofundada mostrou que dos 41 textos publicados, 27 foram total ou parcialmente inventados por ele.
Cinco anos depois da publicação de O Paraíso dos Hackers, o principal segredo da vida profissional de Stephen Glass aparece agora retratado em O Preço de uma Verdade, do roteirista e diretor Billy Ray. No filme, que teve seu roteiro baseado em um artigo de Buzz Bissinger – escrito para a revista Vanity Fair em setembro de 1998 –, Glass é vivido pelo ator Hayden Christensen (Star Wars). Com destaque para a agilidade da narrativa, o longa-metragem é simples, envolvente e não compromete ao apresentar as novidades no momento certo, evitando o desânimo e o cansaço do espectador.
Em entrevista à Associated Press, Glass revelou: “Eu me detestava. Não me achava bom como jornalista, como filho, como irmão, como amigo, como namorado. Acho que enganei as pessoas para elas pensarem boas coisas de mim.” O labirinto complexo onde ele se meteu é mostrado no filme quando, mesmo depois dos primeiros indícios de fraude, tenta sustentar a existência de todas as pessoas e situações narradas em suas matérias “Para cada mentira que eu contava, era necessária outra para sustentá-la. Assim, era uma sobre a outra”, diz ele.

Ficha Técnica
Título Original: Shattered Glass
Gênero: Drama
Direção: Billy Ray
Tempo de Duração: 103 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2003
Elenco: Hayden Christensen, Chloë Sevigny, Steve Zahn
Fonte: https://objethos.wordpress.com/2011/04/06/resenha-o-preco-de-uma-verdade-2003/

Assista a um trecho do filme e tire suas conclusões:

terça-feira, 28 de julho de 2015

ROTEIRO DE ATIVIDADE


Leia a charge abaixo de Angeli:



Leia a crônica de Marina Colasanti, compare-a à Charge de Angeli e responda as questões propostas.

DE QUEM SÃO OS MENINOS DE RUA?

Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa que não entendi. Fui logo dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não estava. Queria saber a hora.
Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. É assim que a gente divide. Me-nino De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino De Rua. Menino De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão.
Ouvindo essas expressões tem-se a impressão de que as coisas se passam muito naturalmente, uns nascendo De Fa-mília, outros nascendo De Rua. Como se a rua, e não uma família, não um pai e uma mãe, ou mesmo apenas uma mãe os tivesse gerado, sendo eles filhos diretos dos paralelepípedos e das calçadas, diferentes, portanto, das outras crianças, e excluídos das preocupações que temos com elas. É por isso, talvez, que, se vemos uma criança bem-vestida chorando so-zinha num shopping center ou num supermercado, logo nos acercamos protetores, perguntando se está perdida, ou precisando de alguma coisa. Mas se vemos uma criança maltrapilha chorando num sinal com uma caixa de chicletes na mão, engrenamos a primeira no carro e nos afastamos pensando vagamente no seu abandono.
Na verdade, não existem meninos De Rua. Existem meninos NA rua. E toda vez que um menino está NA rua é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aos lugares. Assim como são postos no mundo, durante muitos anos também são postos onde quer que estejam. Resta ver quem os põe na rua. E por quê.
No Brasil temos 36 milhões de crianças carentes. Na China existem 35 milhões de crianças superprotegidas. São fi-lhos únicos resultantes da campanha Cada Casal um Filho, criada pelo governo em 1979 para evitar o crescimento po-pulacional. O filho único, por receber afeto "em demasia", torna-se egoísta, preguiçoso, dependente, e seu rendimento é in-ferior ao de uma criança com irmãos. Para contornar o problema, já existem na China 30 mil escolas especiais. Mas os educadores admitem que "ainda não foram desenvolvidos métodos eficazes para eliminar as deficiências dos filhos únicos".
O Brasil está mais adiantado. Nossos educadores sabem perfeitamente o que seria necessário para eliminar as deficiências das crianças carentes. Mas aqui também os "métodos ainda não foram desenvolvidos".
Quando eu era criança, ouvi contar muitas vezes a história de João e Maria, dois irmãos filhos de pobres lenhadores, em cuja casa a fome chegou a um ponto em que, não havendo mais comida nenhuma, foram levados pelo pai ao bosque, e ali abandonados. Não creio que os 7 milhões de crianças brasileiras abandonadas conheçam a história de João e Maria. Se conhecessem talvez nem vissem a semelhança. Pois João e Maria tinham uma casa de verdade, um casal de pais, roupas e sapatos. João e Maria tinham começado a vida como Meninos De Família, e pelas mãos do pai foram levados ao abandono.
Quem leva nossas crianças ao abandono? Quando dizemos "crianças abandonadas" subentendemos que foram abandonadas pela família, pelos pais. E, embora penalizados, circunscrevemos o problema ao âmbito familiar, de uma fa-mília gigantesca e generalizada, à qual não pertencemos e com a qual não queremos nos meter. Apaziguamos assim nossa consciência, enquanto tratamos, isso sim, de cuidar amorosamente de nossos próprios filhos, aqueles que "nos pertencem".
Mas, embora uma criança possa ser abandonada pelos pais, ou duas ou dez crianças possam ser abandonadas pela família, 7 milhões de crianças só podem ser abandonadas pela coletividade. Até recentemente, tínhamos o direito de atribuir esse abandono ao governo, e responsabilizá-Io. Mas, em tempos de Nova República*, quando queremos que os cidadãos sejam o governo, já não podemos apenas passar adiante a responsabilidade. A hora chegou, portanto, de irmos ao bosque, buscar as crianças brasileiras que ali foram deixadas.

(COLASANTI, Marina. A casa das palavras. São Paulo: Ática, 2002.)

ROTEIRO PARA AULA DO 7º ANO

Roteiro de Leitura

1- Leia a charge de Angeli, Pobreza: cada jovem tem a sua  e a crônica de Marina Colasanti: De quem são os meninos de rua? e responda as questões abaixo:

a) Qual o assunto tratado nos textos?

b) Onde uma crônica, normalmente, é publicada?

c) Que direitos da criança e do adolescente estão sendo violados? Explique.

d) Qual o objetivo desses textos?

2- O que é Ironia (pesquise no blog e copie em seu caderno)? Em qual balão da Charge foi utilizada Ironia pelo cartunista? Explique.

3- Elabore um comentário sobre a crônica de Marina Colasanti, a partir das frases "Não existem meninos de rua. Existem meninos na rua." (poste seu comentário no blog, abaixo da publicação da crônica).

4- Pesquise em seu caderno ou na internet: O que é Charge? Quais as características desse tipo de texto? Onde, normalmente, é publicado?


5-Leia a biografia do cartunista Angeli e da autora Marina Colasanti.


Fiquem atentos, porque todas as atividades deverão ser realizadas durante a aula, na sala de informática.

Funk do ECA - Sandro Caldeira (Obra Original: Tremendo Vacilão)

terça-feira, 7 de julho de 2015

Sala de Aula Invertida

SALA DE AULA INVERTIDA


A última "inovação" veiculada pela grande media foi a da aula invertida. O que vem a ser isso? Nas palavras do seu "criador", flipped classroom, ou sala de aula invertida, é o nome que se dá ao método que inverte a lógica de organização da sala de aula. Os alunos aprendem o conteúdo no aconchego dos seus lares, digerindo videoaulas e games (a chamada aula cassino). Na sala de aula, fazem exercícios...
Diz-nos a media especializada que o peer instruction foi inventado há cerca de 20 anos. Há quase um século, Vigotski nos dizia que a aprendizagem é resultante de um processo interativo e considerava a existência de uma ZDP, que representa a diferença entre o que o aprendiz pode fazer individual­mente e aquilo que é capaz de atingir em colaboração com outros aprendizes. Também sabemos que, há mais de 30 anos, Papert escreveu sobre o assunto. E que, há cerca de 40 anos, o trabalho de pares era prática comum no quotidiano de uma escolinha de Portugal, muito antes de um professor de física o ter "inventado".
Diz-nos o "inventor" que, nos últimos 23 anos, em aulas de diferentes disciplinas, ficou comprovado que o ensino ativo (active learning) coloca o foco no estudante. Cheira a escolanovismo reciclado... Diz que mudar é difícil, especialmente na universidade, que mudou muito pouco nos últimos 400 anos. Devo reconhecer que tem razão. Só não entendo por que busca compradores da "invenção" nas universidades. Acrescenta: Na sala de aula, existe uma pessoa falando em frente aos alunos (...) não se dá conta de quão pouco seus alunos aprendem. Se assim é, por que razão metade da "invenção" acontece em sala de aula?

O "inventor" do método diz ter escrito um livro sobre a abordagem (felizmente, sem tradução em português). Eu recomendaria substituir essa leitura por versos do Drummond: Deus que livre vocês de uma escola em que tenham que copiar pontos, de decorar sem entender, de aceitarem conhecimentos "prontos", mediocremente embalados nos livros didáticos descartáveis, de ficarem passivos, ouvindo e repetindo. Ou escutar o amigo Nóvoa, referindo-se à escola da aula: uma instituição retrógrada, detentora de esquemas arcaicos de organização do trabalho, sistemas de ensino centralizados e estruturas físicas e curriculares rígidas. Hoje sabe-se que este modelo está fatalmente condenado. Os brasileiros deveriam procurar alforria científica e maioridade educacional na obra de Milton Santos, ou Maria Nilde, mas insistem em comprar gato por lebre, desde que o gato venha do estrangeiro. Essas novidades importadas não passam de inovações requentadas. E é confrangedora a receptividade da universidade brasileira a tais "inovações".
Por que não reagem os pedagogos brasileiros ao neocolonialismo pedagógico? Acaso os nossos professores universitários não leram Freire? Não leram Lauro? Afinal, o que leem os nossos professores?
Desconhecendo que a "invenção" gringa já tinha sido inventada em escolas brasileiras da década de 1960, um centro universitário promoveu palestra do "inventor". E um consórcio de 14 universidades vai adotar (leia-se: comprar) o "método". Volta e meia, mais uma moda pedagógica desce do hemisfério norte. Mal não viria ao mundo, se educadores tupiniquins a não comprassem. Mas compram.

*José Pacheco
Educador e escritor, ex-diretor da Escola da Ponte, em Vila das Aves (Portugal)
josepacheco@editorasegmento.com.br

Fonte:http://revistaeducacao.com.br/textos/205/sala-de-aula-invertidapor-que-nao-reagem-os-pedagogos-brasileiros-311344-1.asp


Assista também o vídeo:






Fonte: https://youtu.be/UJMNYGcslb0

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