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domingo, 29 de dezembro de 2013

Vamos refletir sobre a relação entre escola e família

Como promover a inclusão das famílias na escola?

A especialista Heloisa Zymanski, professora de Psicologia da Educação da PUC-SP, afirma que quando a criança percebe que seus pais estão em uma aliança com a escola, ela se sente muito mais protegida. Para Heloisa, deve partir da escola a iniciativa de criar um movimento de aproximação entre escola e família.
A reformulação da reunião de pais é importante e fundamental para que os pais queiram saber o que está acontecendo na escola. A reunião de pais não deve ser um momento de humilhação para os pais, deve ser uma reunião mais informativa, deve falar dos progressos dos alunos e das propostas da escola, lembra a especialista.
O objetivo de uma reunião de pais, por exemplo, deveria ser o de informar no início de cada bimestre, não somente aos pais, mas também aos alunos, sobre quais atividades serão realizadas em classe e em casa, que recursos e estratégias serão utilizados pelos professores, as expectativas de aprendizagem de cada disciplina e as novas habilidades a serem desenvolvidas. Nesse encontro, a equipe gestora promoveria um debate a cerca das demandas necessárias para que o trabalho pedagógico seja desenvolvido, é momento de uma escuta ativa para as sugestões e até para as críticas dos pais. Conduzir esse debate é o desafio do gestor e estabelecer parcerias com os pais poderá ser a chave do sucesso.
No entanto, a reunião de pais não deve ser a única situação de encontro entre pais e representantes da escola. Ao contrário, a equipe gestora e os professores deverão planejar outras situações de envolvimento da família na construção das práticas educativas da escola, a serem previstas no Projeto Político Pedagógico da Escola, tais como: Conselho de Escola, pais representantes de classe, AAE, organização de festas e eventos culturais, escola da família, fortalecimento dos conselhos de classe e outros.
“Qualquer ação que vá ser desenvolvida com os pais deve ser planejada junto com os pais. É você perguntar e ouvir e não chegar com uma fórmula pronta,” afirma a especialista. Por isso, é importante contar com a família, inclusive, na elaboração do Projeto Político Pedagógico da Escola. Todavia, como não há uma receita pronta, cabem às equipes gestoras e professores planejarem diferentes situações de inclusão das famílias na escola. Os pais devem ser convidados a desenvolverem atitudes de co-responsabilidade para com a formação dos seus filhos.
A primeira iniciativa da escola poderia ser a criação de diferentes formas de comunicação com os pais: bilhete, mural, boletim informativo e outras. O pai que não pudesse em algum momento comparecer à escola, de alguma forma receberia as informações da escola. Saber dos acontecimentos também ajudará a despertar o interesse daqueles pais mais afastados pelo trabalho que é desenvolvido na escola do filho.
Assim como essas, outras iniciativas devem promover o envolvimento das famílias na escola. É possível citar outras ações que de alguma forma mudaram a relação entre família e escola e têm demonstrado bons resultados pelo Brasil:
- Em Lucena, a 28 quilômetros de João Pessoa, pais, alunos e professores participam de encontros de formação. Os educadores vão de casa em casa convidar os familiares para o debate sobre diferentes temas: meio ambiente, identidade, etnia, sexualidade, saúde preventiva, cultura de paz etc. Com esse trabalho, a frequência dos pais na escola aumentou porque os pais passaram a valorizar esses momentos.
- Promover eventos e oficinas culturais lideradas pelos pais e familiares dos alunos que sabem e desejam ensinar algo para a comunidade escolar: fazer sabão com restos de óleo, brinquedos com garrafa PET, fantoches com materiais recicláveis, pipas, colchas com retalhos e outros.
- Garantir o envolvimento do Conselho Escolar em todas as atividades e a sua participação em todas as dimensões da gestão pode ser fator determinante para o bom desempenho de uma escola.

- Promover iniciativas nas quais os familiares dos alunos se fazem presentes em vários espaços escolares: auxiliam no recreio, apoiam os professores em sala de aula, abrem suas casas para a realização de reforço escolar para seus filhos e vizinhos etc.

- Em Tapoão da Serra, os professores fazem visitas domiciliares a todos os alunos. Para o sucesso desta iniciativa, existe um planejamento rigoroso que começa com o envio de uma carta aos pais informando a intenção da visita, solicitando sua autorização e marcando o dia e horário para a visita.

- Sessão de cinema, tarde de lazer com os filhos, empréstimo de livros da sala de leitura para os pais, palestras sobre tema de interesse dos pais, avós e pais convidados para contar histórias para os alunos foram algumas das iniciativas de quatro escolas do Rio de Janeiro que desejavam integrar família e escola.

- Em Cerquilho (SP), várias iniciativas compuseram um Plano de Ação que pretendia aproximar as famílias da escola: reorganização das reuniões de pais, que passaram a ser mais interativas e à noite e em dias diferentes, de acordo com o ano cursado pelo aluno; organização de dinâmicas e palestras; sorteios de livros; a informatização da rede, que possibilitou que as informações chegassem aos pais; até uma personagem foi criada (uma boneca de pano) foi criada pelos educadores para aproximarem os pais da Educação Infantil à escola.

Muitas poderão ser as iniciativas, cada escola, de acordo com a sua realidade e contexto poderão encontrar caminhos para promover a aproximação entre escola e família. O importante é que se acredite na importância deste vínculo e que, em 2014, equipe gestora e toda comunidade escolar deem uma oportunidade para essa parceria que trará muitos benefícios, principalmente, para aprendizagem dos estudantes.

sábado, 16 de novembro de 2013

Olá, pessoal!
 
Recentemente criei o meu primeiro curso que está hospedado no site Pauta Online. Confira abaixo os detalhes sobre o curso e caso  tenha interesse em fazer sua inscrição clique no link.
 
Abraços,
 
Francisca P. Martins
 
 
 
CURSO BÁSICO DE DINÂMICAS DE GRUPO PARA EAD

Objetivo do curso: O objetivo do curso básico de Dinâmicas de Grupo para EaD é proporcionar  conhecimentos teóricos a cerca das técnicas de Dinâmicas de Grupo aplicadas à EaD e desenvolver competências para aplicação das dinâmicas virtuais como ferramentas de mediação do processo de aprendizagem, contribuindo para que o público-alvo compreenda que a melhor estratégia no planejamento de curso a distância é a combinação de dinâmicas com ferramentas interativas para atender aos diferentes estilos de aprendizagem dos alunos num ambiente virtual de aprendizagem.

Público-alvo: Designer Instrucional, professores e outros profissionais que atuam ou desejam atuar no planejamento de cursos para EaD.

Conteúdo desenvolvido:

Dinâmica de Grupo;

Interação e afetividade em cursos a distância;

Ferramentas interativas;

Atividade interativa;

Objetivos da dinâmica de grupo;

Estilos de aprendizagem;

Planejamento de  dinâmica de grupo.

Carga horária: 30 dias

Início: 02/12/13 a 30/12/13.
Para saber mais e fazer sua inscrição acesse o site:

Pierre Lévy fala dos benefícios das ferramentas virtuais para o ensino

 


Os livros e cadernos, aos poucos, estão sendo substituídos por tablets. O quadro negro, que depois ficou branco, agora é digital. As aulas podem ser assistidas a distância. E a tarefa de casa pode ser feita numa rede social. O que antes parecia coisa de filme futurista tornou-se realidade.

A tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, assim como na educação. Antes de isso tudo tornar-se tão evidente, o filósofo francês Pierre Lévy já defendia a teoria da inteligência coletiva e da cibercultura. Para ele, estamos vivendo o início de uma transformação cultural, em que a forma de construir o conhecimento é colaborativa. Lévy explica que os educadores precisam mergulhar na cultura digital, para compreender o universo dos estudantes. Além disso, ele salienta que os professores devem usar as ferramentas virtuais em benefício da educação, explorando suas singularidades e dando mais espaço para que os estudantes participem mais ativamente do processo de ensino-aprendizagem. Durante o V Congresso Internacional Conexão RCE (Rede Católica de Educação), realizado em Brasília, o filósofo conversou com a revista Gestão Educacional sobre as mudanças que precisam ser aplicadas na educação.

Nos últimos anos, o Brasil tem se destacado no cenário econômico mundial. Infelizmente, no aspecto educacional, a situação está longe do patamar dos países desenvolvidos. Como educar para o futuro nesse cenário?

Pierre Lévy: Fico impressionado como os brasileiros têm uma ideia negativa do seu próprio país. Primeiramente, o Brasil está se transformando na quinta potência econômica do mundo, com uma taxa de crescimento muito elevada. Sim, tem analfabetismo, mas, apesar disso, há um esforço importante focado na educação. E sempre que eu venho para cá, vejo uma porção de profissionais focados, esforçados para trabalhar com educação, da educação infantil ao ensino médio. São pessoas que têm a consciência de que o futuro está nesse investimento em educação e em conhecimento. Então, não fiquem desesperados. Continuem com esse entusiasmo extraordinário que vocês têm. Claro, há problemas. E nós temos que resolvê-los com as ferramentas de hoje e com a visão do futuro. As pessoas precisam acreditar no hoje. E muitos professores têm essa visão.

Quais são as dificuldades de usar ferramentas digitais em sala de aula?

Pierre Lévy: Não há obstáculos. Todos os estudantes têm uma habilidade extraordinária para usar esse tipo de ferramenta. Agora, os professores têm que conhecer tão bem quanto as crianças. Sobretudo, isso tem que ser utilizado numa ótica de aprendizagem colaborativa. Eu acredito que o professor precisa se capacitar, porque ele só pode ensinar aquilo que ele domina. Eu não acredito na formação do professor apenas para usar as redes sociais. O professor também tem que se esforçar. Utilizar isso para si próprio. É só uma questão de entrar nessa cultura. E de implementar o know-how pedagógico utilizando essas ferramentas.

Podemos dizer, então, que a forma de ensinar mudará nos próximos anos?

Pierre Lévy: Sim, estamos no início de uma grande transformação cultural. Hoje, nós podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo. O banco de dados da internet funciona como uma biblioteca única de todo o mundo. E nós podemos usar essas informações, que podem estar em outros idiomas, porque já há ferramentas que traduzem tudo para nós. Esses três processos eu chamo de ubiquidade, interconexão e manipulação automática de símbolos. Essa é a nova situação que vivemos. Isso está ligado à educação, porque temos que preparar os alunos para essa nova realidade. Mas temos que nos preparar antes de ensinar.

E o que seria a gestão da atenção? E como ela contribui para diminuir a chamada sobrecarga cognitiva?

Pierre Lévy: A gestão da atenção não é algo que começou com as ferramentas digitais. A disciplina mental, aprender a concentrar-se, é algo que sempre foi útil e que deve também ser aplicado com essas ferramentas. Não é possível estar diante de uma tela de computador e, de uma hora para outra, esquecer o que se está fazendo e ir fazer outra coisa, de qualquer jeito. Diante do computador, é necessário controlar a sua mente e se concentrar num objetivo de aprendizagem e de colaboração. A sobrecarga cognitiva é realmente um problema falso porque é o mesmo que dizer que há livros demais em uma biblioteca. Muitos livros não provocam uma sobrecarga cognitiva. Você aprende a utilizar os arquivos da biblioteca, as fichas, a escolher um livro mais adequado com seu objetivo e você lê esse livro. A gente não vai começar a ler a primeira página, depois buscar outro livro. Na plataforma on-line acontece o mesmo. É a responsabilidade pessoal que faz a diferença.

Mas muitos professores reclamam que os alunos ficam dispersos diante do computador ou do celular.

Pierre Lévy: Bom, eu também tenho alunos e quando eu dou aula, eles ficam olhando para o celular também. Eu sou super severo. Eu proíbo que eles olhem o celular durante a aula. Mas, em certo momento da aula, eu digo: “pronto, agora vocês podem olhar o celular”. E todos eles olham. Eu também passo um exercício. Eles podem “tuitar” alguma coisa ou eles têm que buscar alguma coisa no Google, no Wikipédia. Depois eu digo que acabou e é hora de desligar o computador e desligar o telefone. A gente precisa aprender quando ligar e desligar o aparelho, utilizando-o conscientemente. É um domínio de si próprio, uma disciplina. E essa disciplina já tem que ser ensinada desde a escola primária.

Algumas escolas já usam o tablet como material obrigatório, substituindo livros e cadernos. Até que ponto é indispensável que cada aluno tenha o seu computador em sala de aula?

Pierre Lévy: É muito difícil manter as antigas ferramentas de leitura e de escrita durante muito tempo. Então, daqui a alguns anos, eu prevejo que o material escolar de hoje será substituído por tablet. Mas não o tablet de hoje, mas o tablet de amanhã, no qual nós teremos todos os manuais didáticos, as ferramentas de escrita, de pesquisa. Um tablet como ferramenta de trabalho. Um tablet que permita fazer anotações nas margens de livros. Coisas assim que ainda são um pouco difíceis hoje em dia. Vai ser algo mais leve e, possivelmente, até custe mais barato. Agora, uma sala de aula é difícil imaginar. A gente nem sabe como vai ficar essa noção de sala de aula completamente. Porque são questões muito complexas. Isso é um processo em curso.

Em vários estados brasileiros, os professores estão recebendo computadores ou tablets. O que o senhor acha disso?

Pierre Lévy: Isso é muito bom. A gente não pode ensinar aquilo que a gente não sabe. Não dá pra ensinar se a gente não domina.

As novas tecnologias podem prejudicar?

Pierre Lévy: Não. As novas mídias não têm impacto negativo. O impacto negativo acontece quando as pessoas estão expostas a coisas negativas. O problema não é a internet. É a falta de disciplina mental. Seria o mesmo que dizer que as estradas são malvadas porque matam gente. Não, na verdade são as pessoas que dirigem mal.

Mas alguns alunos hoje já têm dificuldade de escrever, porque lidam mais com a digitação.

Pierre Lévy: Aprender a escrever é importante, claro. O que ocorre é o mesmo [que acontecia] quando as pessoas começaram a ter calculadoras. Antes, todos faziam o cálculo mental. Hoje, ficam sem saber se não tiverem a calculadora do lado. No futuro, a maioria das pessoas vai escrever e ler com essa nova ferramenta.

Como o senhor usa as redes sociais com os seus alunos?

Pierre Lévy: Por exemplo, todos os meus alunos têm Facebook. Mas geralmente eles não conhecem a funcionalidade grupo. O que fazemos é o seguinte: formamos um grupo e, a cada semana, cada um tem que postar alguma coisa. Um vídeo, um link relacionado ao tema da aula. Os outros têm que ler o que o colega enviou e comentar, discutir junto. Então, eles alimentam o grupo e eles aprendem a discutir. Se um postar alguma coisa que o outro já postou, ele fica com uma nota ruim porque significa que ele não prestou atenção nos outros. Também não pode fazer uma pergunta que já foi respondida. Eu tento ensinar a economia na comunicação para que não percam tempo. São coisas assim, que se tornam úteis.

Isso seria a inteligência coletiva?

Pierre Lévy: Sim. A própria internet é uma memória de produção coletiva. De certa forma, isso sempre existiu, porque o que conhecemos hoje é uma herança do que já foi feito. A escola do futuro será a escola social, onde a aprendizagem será colaborativa. Não é que a escola de hoje deixará de existir. É uma camada que complementa a outra. Logo, temos que educar visando esse novo comportamento, através de uma pedagogia de aprendizagem coletiva permanente.

E como os professores podem orientar os alunos?

Pierre Lévy: Primeiro, devem ensinar sobre responsabilidade social para a memória coletiva. Tudo o que você posta na internet contribui para a memória coletiva. Segundo, é preciso ter um espírito crítico. Os alunos devem saber separar as fontes boas e as fontes ruins, porque um mesmo evento pode ser contado de diversas formas. Depois vem a gestão da atenção, como já citei. Outra coisa importante é a necessidade de produzir para assimilar. É a transformação da informação em conhecimento.

Como serão os alunos do futuro?

Pierre Lévy: Serão pessoas criativas, abertas, colaborativas e, ao mesmo tempo, terão a capacidade de se concentrar, porque terão uma mente disciplinada. É necessário ter um equilíbrio entre dois aspectos: o primeiro é a imensidão de informações, contatos, colaborações. O outro é o aspecto de planejamento, realização de projetos, disciplina mental.

 (Matéria publicada na edição de fevereiro de 2013 da revista Gestão Educacional)
- See more at: http://www.webaula.com.br/index.php/pt/acontece/noticias/2874-pierre-levy-fala-dos-beneficios-das-ferramentas-virtuais-para-a-educacao#sthash.ch8wFEfh.dpuf

Fonte: http://www.webaula.com.br/index.php/pt/acontece/noticias/2874-pierre-levy-fala-dos-beneficios-das-ferramentas-virtuais-para-a-educação
 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Momento para reflexão....

Hoje quero propor uma reflexão sobre a Proposta Curricular da maioria das escolas brasileiras. Convido a todos a refletirem sobre o tema e a emitirem suas opiniões sobre o tema.
A concretização e o sucesso de uma proposta que pretende a mudança  no currículo e  a adoção de novas metodologias depende de uma estrutura que precisará ser criada para que alterações significativas ocorram no cenário atual das escolas públicas e privadas para que se tornem um ambiente de convivência e de aprendizagem saudável, afetivo e seguro, rico em práticas educativas, através das quais os alunos expressem, vivenciem e internalizem valores socialmente desejáveis. Para criar essa nova cultura escolar, algumas condições são imprescindíveis, dentre outros elementos, será necessário:

  1. Integrar de forma transversal e interdisciplinar ao currículo das escolas a educação afetiva com o estudo sobre sentimentos, emoções, autoconhecimento e valores;
  2. Apresentar a proposta aos professores e promover capacitação para que o professor conheça e compreenda a importância dessa nova proposta curricular e se sinta preparado para assumir seu  novo papel no ambiente escolar (mediador);
  3. Introduzir a prática do diálogo para a resolução de conflitos - por meio de assembleias escolares regulares;
  4. Alunos ativos atuando como protagonistas;
  5. Promover a educação comunitária para que os processos de educação em valores ocorram dentro e fora da sala de aula;
  6. Estabelecer o papel do professor como mediador entre o aluno e o conhecimento e como parceiro do aluno na resolução das atividades;
  7. Seleção de conteúdos relevantes e ligados a  realidade do aluno;
  8. Reorganização dos espaços, dos tempos e das relações escolares;
  9. Planejamento de ações pedagógicas que favoreçam a aprendizagem do aluno, levando em conta sua história de vida;
  10. Mudar paradigmas: os conteúdos tradicionalmente ensinados na escola deixam de ser encarados como finalidade da educação e passam a ser encarados como meio para que o aluno conheça a si e ao mundo em que vive.
Essa mudança no currículo permitirá uma aprendizagem significativa e essencial para formação, pois a educação afetiva permitirá ao aluno, que antes de ser unicamente um membro da turma é membro da sociedade, atuar como cidadão crítico, justo e ético na resolução de conflitos.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Relação Professor-aluno

Recentemente um novo olhar foi lançado para as práticas pedagógicas. A preocupação que se tinha com "o que ensinar" (os conteúdos das disciplinas), começa a ser dividida com o "como ensinar" (a forma de, as maneiras, os modos). Será que essa mudança de paradigma já adentrou os portões das escolas? O resultado de três pesquisas recentes (Tassoni, 2000; Silva, 2001 e Negro, 2001) confirmaram e enfatizaram o papel da afetividade que permeia as relações professor-aluno sob a aprendizagem dos alunos.
Tassoni (2001) desenvolveu sua pesquisa em três classes de uma escola particular, na qual utilizou da técnica da autoscopia, que contou primeiramente com gravação de imagens em vídeo e interpretação das imagens pelos alunos, que faziam a confrontação da situação gravada e vivenciada na relação com seus professores em sala de aula. Em outra etapa, as professoras das salas foram entrevistadas. Com o resultado dessa pesquisa, percebeu-se que a afetividade manifestava-se por meio da postura e dos conteúdos verbais e se comprovou que o comportamento do educador em sala de aula revela aos educandos suas intenções, valores e sentimentos em relação a sua profissão; desejos e emoções que os afetam individualmente. A manutenção do contato corporal como forma de carinho, falar da capacidade do aluno, elogiar o seu trabalho, reconhecer seu esforço, constituem formas cognitivas de vinculação afetiva.
Dantas (1993, p.75), citado por Tassoni e Leite (2001), apresenta outro fator que não pode ser desconsiderado na relação professor-aluno: o das transformações pelas quais passam a afetividade humana, conforme a criança cresce e se desenvolve. “Com o advento da função simbólica que garante formas de preservação dos objetos ausentes, a afetividade se enriquece com novos canais de expressão. Não mais restrita à trocas dos corpos, ela agora pode ser nutrida através de todas as possibilidades de expressão que servem também à atividade cognitiva.” A conclusão da pesquisa corrobora com o nossa teoria porque demonstrou que a afetividade não se limita apenas às manifestações de carinho físico e de elogios superficiais. Alunos dos anos finais, por exemplo, têm outras exigências afetivas. Dantas (1993), citado por Tassoni (2001), afirma: “As manifestações epidérmicas se fazem substituir por outras, de natureza cognitiva, tais como respeito e reciprocidade”(p. 75). Um dado importante na pesquisa de Tassoni observou que as professoras que participaram da pesquisa tinham a preocupação de trabalhar a ansiedade e a insegurança dos alunos, sentimentos que influenciam sua aprendizagem de forma negativa. Havia nessa escola um planejamento de ações concretas para amenizar os efeitos desses sentimentos. As professoras procuravam tranquilizar as crianças, o que favorecia a aprendizagem. De acordo com Morais (1988), angústia, depressão e ansiedade diminuem a eficiência da aprendizagem; os estados depressivos impedem a criança de se envolver no processo educacional. Da mesma forma, a ansiedade da criança em relação ao processo de ensino pode causar dificuldades no aprendizado, pois o estado permanente de tensão não lhe permite prestar atenção e participar das aulas.
A análise da postura das professoras revelou que a proximidade e a acolhida física proporcionada aos alunos nos momentos de necessidade estabeleciam entre os protagonistas uma cumplicidade no processo de aprendizagem. O fato de se aproximarem dos alunos e auxiliá-los na execução das atividades era visto pelos alunos como fator de encorajamento, algo primordial para que não desistissem de realizar uma proposta diante do primeiro obstáculo. Os alunos tinham em média seis anos. Nessa fase, a exigência afetiva estava centrada na aproximação física. A proximidade física da professora trazia para os alunos: tranquilidade, encorajamento, segurança e confiança. O aluno, sentindo-se encorajado e capaz, realizava a atividade proposta com êxito; portanto, a postura corporal representou a maior parte da atividade afetiva ocorrida nessas salas de aula. Por outro lado, o incentivo e o apoio (conteúdo verbal) dado pelas professoras durante a execução das atividades também foram muito destacados e valorizados pelos alunos durante as confrontações. Esse dado revela que a preocupação das professoras era com a realização das atividades e não apenas com o resultado final e essa prática era bem vista e reconhecida pelos alunos.
Nessa perspectiva, o que se propõe é que a sala de aula seja um espaço propício para o diálogo, manifestações de respeito, solução de conflitos, estabelecimento de laços de confiança. Enfim, um lugar onde o aluno sinta que o professor se importa com ele, que presta atenção ao que fala e faz; não para criticá-lo, mas para ajudá-lo em suas dificuldades e problemas.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A contribuição do designer instrucional na inclusão de pessoas com deficiência em cursos virtuais



Inicialmente é necessário compreender o termo acessibilidade. Para isso, recorre-se às autoras Amanda Meincke Melo e M. Cecília C. Baranauskas que definem: “A acessibilidade na web, ou rede mundial de computadores, diz respeito a viabilizar que qualquer pessoa, usando qualquer tecnologia adequada à navegação web esteja apta a visitar qualquer site, obtenha a informação oferecida e interaja com o site”.
Continuando, as autoras afirmam ainda que para tornar isso possível, os criadores de páginas e sistemas web, assim como seus mantenedores, devem estar atentos não somente às recomendações de acessibilidade do World Wide Web Consortium-W3C, mas também às diferentes características dos usuários desses sistemas, às tecnologias de acesso à informação e interação que utilizam e à influência do ambiente físico sobre a interação do usuário com o computador.
Nas últimas décadas, as tecnologias da informação e comunicação (TIC’s) trouxeram mudanças significativas para a sociedade, proporcionando novas formas de linguagem e de acesso ao conhecimento. No caso específico da EaD, podemos perceber aspectos positivos que podem amenizar diversos entraves que observamos na modalidade presencial, como a questão da locomoção e a rigidez do horário. Participando de um curso on-line, o aluno não precisará se locomover com frequência de um lugar para outro e ainda contará com uma maior flexibilidade de horários para realização das atividades. Além disso, existe o aspecto didático-pedagógico, ou seja, a forma como o acesso à aprendizagem pode ser facilitada ao usuário. Neste sentido, o papel do Designer Instrucional (DI) tem significado relevante; pois cabe a ele preparar o material didático e selecionar softwares, que facilitem e garantam o acesso à aprendizagem.
Para isso, é importante que o DI não pré-determine os limites de um futuro aluno com deficiência; pois cabe a ele oferecer a infraestrutura necessária para que as PNE’s atuem no ambiente de aprendizagem em igualdade de condições. Por isso, após o levantamento das características do público-alvo e identificação de suas necessidades, para se garantir o pleno acesso e a participação de todos ao curso, caberá ao DI e sua equipe, em especial ao Web Designer, iniciarem o processo de design de práticas e situações que contemplem questões de acessibilidade.
Para que todas as pessoas, em sua multiplicidade e diversidade, atuem em igualdade de condições no ambiente virtual de aprendizagem (AVA), o Designer deve apropriar-se de todos os recursos disponíveis capazes de atender todas as necessidades dos cursistas portadores de necessidades educacionais especiais. Neste sentido, os desafios do DI e de sua equipe são grandes, pois todos precisam ter bons conhecimentos sobre as diferentes tecnologias assistivas, ter competência para saber combiná-las e integrá-las à interface do curso; tendo o cuidado para não padronizá-las, mas utilizá-las de forma personalizada ao seu público-alvo.
Pensar a contribuição do designer instrucional na inclusão de pessoas com deficiência em cursos virtuais, “implica primeiramente em reconhecer a multiplicidade e diversidade de usuários e contextos no processo de design e desenvolvimento de sistemas de informação em geral e suas interfaces em particular” (MELO & BARANAUSKAS, p.12).
As tecnologias assistivas têm como objetivo proporcionar à pessoa com deficiência maior independência, melhor qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação das possibilidades de sua comunicação, de mobilidade, desenvoltura do seu aprendizado, acesso ao mercado de trabalho e consequentemente sua inclusão social.
As ofertas de recursos são muitas, alguns são gratuitos e outros necessitam de investimento financeiro por parte do usuário e do desenvolvedor. Um recurso bastante interessante é o autodescrição, capaz de transformar o visual em verbal. Como exemplos, as informações contidas em gráficos, são verbalizadas para um aluno com deficiência visual e há ainda recursos e ferramentas como lentes de aumento para os alunos com baixa visão. Já para um portador de deficiência auditiva, existem softwares tais como: Narrador; Motrix; DOSVOX e Jaws entre outros facilitadores da interação e comunicação entre ser humano e máquina. Outro recurso importante é o closed caption bastante difundido sendo usado em televisão e em vídeos na web.
Nos cursos de treinamento desenvolvidos por alunos do Curso de Designer Instrucional, pela UNIFEI, do polo de Bragança Paulista, muitos recursos podem ser utilizados para atender a diferentes necessidades, tais como: Headmouse, Teclado Virtual, Motrix, Liane TTs, Close Caption, Zoom Text 9.0, Lente de Aumento, Narrator, DosVox, Jaws, On-Screen Keyboard, Virtual Vision, Zac Browser, Linhas e Impressoras em Braille, Ponteiras de cabeça, Dispositivos apontadores alternativos, Teclados alternativos, Leitores de telas, etc.. No entanto, é bom ressaltar que para uma PNE realizar um curso no ambiente TelEduc, ela necessitará de recursos de acessibilidade externos, porque esse ambiente não possui recursos próprios, portanto, o aluno deverá receber suporte da instituição para configurar o seu computador com softwares e aplicativos que possibilitem o seu acesso e participação plena ao curso.
Portanto, é também de responsabilidade do DI criar um canal de comunicação simples e ágil entre o aluno e o suporte para auxiliá-lo em suas dúvidas e dificuldades de navegação. Possibilitando assim, que a acessibilidade aconteça e as PNEs tenham o acesso ao conhecimento de maneira irrestrita; o direito à Educação, ao desenvolvimento como ser humano e à inclusão social garantidos.


Referências bibliográficas

MELO Amanda Meincke & BARANAUSKAS, M. Cecília C.. Design para a Inclusão: Desafios e Proposta. Anais do IHC 2006 – 19-22 de Novembro, Natal, RN, Brasil

MELO Amanda Meincke. Acessibilidade na web. In: PUPO, Deise Tallarico; MELO,
Amanda Meincke; FERRÉS, Sofia Pérez. Acessibilidade: discurso e prática no cotidiano das Bibliotecas. São Paulo: Unicamp, 2006.

SINOPSE DO FILME: Como Estrelas na Terra: Toda Criança é Especial
Tipo de deficiência: Dislexia
Como estrelas na Terra: Toda Criança é Especial (Taare Zameen Par) é um filme indiano da produção de Bollywood e conta a história comovente de um menino de oito anos, Ishaan. Vítima de humilhações e opressão e qualificado como engraçadinho, sem-vergonha, preguiçoso e indisciplinado, por seus professores e pais, que desconhecem o fato de ser portador de Dislexia.
Encaminhado para um colégio interno, onde tem a felicidade de encontrar o competente professor, Ram Shankar, que percebeu que Ishaan estava profundamente deprimido, identificou a causa de seus problemas de aprendizagem e pôs em prática um plano para resgatar o pequeno aluno.
Esse filme é uma verdadeira obra prima do ator e produtor Aamir Khan.
O educador preocupado com a Educação Inclusiva, o encontrará disponível gratuitamente na internet.


Por: Francisca P. Martins

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A palavra é ... Afetividade

A afetividade no contexto escolar

Inicialmente, apresentaremos as ideias defendidas por grandes pensadores que reconheceram a importância da Afetividade para a aprendizagem. Piaget sobre o assunto afirmou: “É incontestável que o afeto exerce papel essencial no funcionamento da inteligência. Sem afeto não haveria interesse, necessidade, motivação e consequentemente, não haveria inteligência.” Para ele, a aprendizagem passa a ser necessária porque é um meio pelo qual a necessidade do indivíduo pode ser satisfeita. O interesse é carregado de afeto e funciona como impulsionador da aprendizagem. A afetividade poderia ainda interferir na estrutura cognitiva provocando aceleração, adiantamentos ou retardos na formação no indivíduo. Ainda segundo Piaget, há entre afetividade e cognição uma relação de correspondência. Piaget, citado em Souza (2006), defendia que a conduta humana possui dois elementos fundamentais: a inteligência (chamada de estrutural) e a afetividade (elemento energético). Ainda que a afetividade tenha sido pouco explorada em sua obra, percebe-se a preocupação do autor em inseri-la na explicação do processo psicológico do indivíduo. “Afetividade é, assim, energia, impulso, motivação das condutas, é o que dirige o sujeito...” Em Wallon (in ALMEIDA e MAHONEY, 2007), encontramos a Teoria do Desenvolvimento e uma visão não fragmentada do indivíduo, que é entendido sob quatro diferentes pontos de vista: do motor, da afetividade, da inteligência e do ponto de vista de sua relação com o meio. A base de sua teoria é a integração afetiva-cognitiva-motora. Para o teórico, a dimensão afetiva está completamente integrada aos demais aspectos do indivíduo e, segundo sua ótica, a afetividade é fundamental para a construção do conhecimento do indivíduo. Sendo o ser humano um ser social, ele constrói o conhecimento na relação com o outro. No contexto escolar, é nas relações aluno-professor, professor-aluno, aluno-aluno e aluno-objeto que se dá o conhecimento. Nessa interação com o outro surgem os sentimentos, as emoções; enfim, os aspectos afetivos que compõem o funcionamento psíquico do ser humano. Considerar o afeto como parte integrante do processo educativo é responsável pela qualidade das relações pessoais e pela produtividade em sala de aula. Dependendo do tipo de relação estabelecida entre os protagonistas, a sala de aula será um ambiente gerador de alegria, entusiasmo, segurança, cooperação e amizade ou gerador de angústias, estresse, ansiedade, insegurança e individualismo. O cineasta francês Laurent Cantet retratou recentemente no filme Entre os Muros da Escola, adaptação do romance homônimo, o cotidiano de sala de aula de uma escola pública francesa nos dias de hoje, de uma forma crua e realista. Sob as lentes das câmeras, os protagonistas revelaram ao mundo as mazelas das relações professor-aluno e aluno-aluno, mostraram sem pudor como pode ser conflitante e tensa a convivência no espaço escolar. Os personagens do filme deixam claro, inclusive, o quanto a história de vida dos alunos convergem para a sala de aula e como suas experiências interferem em seu aprendizado, na seleção de conteúdo, na postura do aluno e do professor. Há momentos do filme que expõem o clima tenso (disfarçadamente descontraído) instaurado na sala de aula, ao ponto de Marin, o professor, perder a cabeça e insultar duas alunas. Esse incidente gera uma grande confusão: um aluno se revolta e sem querer acerta a mochila no supercílio de uma colega, culminando com a sua saída da sala sem a permissão do professor. Desejando centralizar a reflexão e discussão neste artigo acerca da realidade da educação brasileira, percebemos que situações semelhantes às retratadas pelo filme acontecem diariamente em várias escolas privadas e públicas do Brasil. A conclusão que se tira é que os conflitos entre os protagonistas da sala de aula não estão circunscritos apenas às escolas francesas e nem às brasileiras: os conflitos são constantes em salas de aula do mundo todo, como afirma o ex-professor François Bégaudeau, protagonista e roteirista do filme Entre os Muros da Escola. A reportagem da revista Veja de 17 de junho de 2009 revelou dados de uma pesquisa promovida pela International Stress Management Association (Isma), feita em São Paulo e Porto Alegre, que mostram que 52% dos professores brasileiros admitiram que tiveram atitudes agressivas com seus alunos, tendo sido irônicos ou até rudes; 46% dizem que sua maior dificuldade é conter a indisciplina e despertar a atenção dos alunos e 11% já chegaram a ser agredidos fisicamente. Diante desses dados alarmantes e que confirmam as situações de violência ocorridas nas escolas brasileiras, é possível constatar que, sobretudo, na escola pública as relações no âmbito escolar sofreram um desgaste ao longo do tempo. Mas, afinal o que está em falta nas relações pessoais estabelecidas no ambiente escolar? De acordo com Rossini (2001), a afetividade é a base da vida. Se uma pessoa não está bem afetivamente, sua ação como ser social estará comprometida. No caso do aluno, se ele não se encontra bem afetivamente, não haverá aprendizado. Por isso defendemos, nessa pesquisa, que a escola, antes de ser um espaço para produzir conhecimento, deve constituir-se num espaço afetivo, no qual crianças, adolescentes e profissionais da educação sintam-se felizes e gratos por fazer parte da vida um do outro. Vivemos uma cultura que desvaloriza as emoções e não vemos o entrelaçamento cotidiano entre razão e emoção, que constitui o viver humano; não nos damos conta de que todo sistema racional tem um fundamento emocional (MATURANA, 1999, p. 15). O aprendizado deveria ser algo prazeroso e não um pesar. Na escola, não se deveria privilegiar o cognitivo em detrimento do afetivo; é preciso considerar o educando como um ser social, cognitivo e afetivo, como afirma Engers (2000, p.299): “o professor trabalha com crianças com muitos problemas emocionais no seu cotidiano”. É, portanto, inadmissível excluir do processo de aprendizagem essa carga emocional, que permeia as relações pessoais.

Este é o início de uma conversa que semanalmente teremos neste espaço e quem desejar manifeste sua opinião enviando comentários para abrirmos uma discussão sobre o tema.

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