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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

PROJETO ADOLESCÊNCIA SAUDÁVEL

Hoje recebemos em nossa escola a enfermeira Ana Paula que proferiu uma palestra para as meninas dos 8º anos. Ela abordou sobre diferentes assuntos ligados à Sexualidade: Namoro, Iniciação Sexual, Métodos de Prevenção, Gravidez na Adolescência e Aborto.
As meninas tiveram uma ótima interação com a palestrante, fizeram várias perguntas e tiraram algumas dúvidas sobre o assunto.
Foi uma manhã muito gostosa e proveitosa; pois as meninas tiveram a oportunidade de ouvir as experiências de vida da palestrante, que além de ter deixado esclarecido  quais são os desafios e  sofrimentos que uma gravidez precoce traz à vida de uma adolescente também alertou sobre os riscos do aborto e do sofrimento causado a um ser indefeso que é o feto.
Ficamos agradecidos à Ana Paula que cedeu um tempo de seu dia de "folga" para nos trazer informações tão valiosas para a formação de nossas alunas. Confira abaixo alguns desses momentos:


Ana Paula e Eu, Professora Francisca.
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domingo, 29 de agosto de 2010

Cresce o número de meninas portadoras do vírus HIV

Há dois anos, para cada dez meninas entre 13 e 19 anos que se descobriam portadoras do vírus HIV, existiam oito meninos. No ano passado, essa proporção passou para seis adolescentes do sexo masculino a cada dez do feminino.
É de olho nesse aumento do índice de jovens contaminadas pelo HIV que o Ministério da Saúde irá focar a campanha publicitária de prevenção à Aids do Carnaval deste ano na faixa etária entre 13 e 19 anos - a única, entre adolescentes e adultos, em que o número de mulheres contaminadas supera o de homens.
Segundo o chefe da unidade de vigilância epidemiológica do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Gerson Fernando Pereira, a explicação para esses números está ligada à descoberta da sexualidade.
"Observamos que as mulheres estão se iniciando na vida sexual cada vez mais cedo. E, principalmente nessa faixa etária (de 13 a 19 anos), elas têm pouco poder de convencimento para fazer com que o parceiro use um preservativo, ficando muito vulneráveis ao contágio", observa.
Para Pereira, as campanhas publicitárias da Pasta - que neste ano irão enfocar a importância de se realizar testes de Aids - combinam-se a outras ações realizadas pelo ministério ao longo do ano. "Acredito que exista muita falta de informação. Por isso, além das campanhas publicitárias, procuramos orientar constantemente os profissionais da área da Saúde no País", completa.
Doença morta - Na opinião do médico infectologista e chefe do ambulatório de referência de moléstias infecciosas da Unidade de Saúde Vila Guiomar, em Santo André, Humberto Barjud Onias, além do problema da baixa capacidade de argumentação das adolescentes, existe o fato de muitos jovens encararem a Aids como uma "doença morta".
"Já não se veem mais pessoas famosas morrendo em consequência da contaminação pelo vírus HIV. Com isso, as pessoas acreditam que não se pega mais essa doença e se tornam negligentes. Acredito que os adolescentes da década passada eram muito mais preocupados em relação à Aids do que os dessa geração", comenta Onias.
O Ministério da Saúde registrou 11,5 mil mortes no Brasil em 2008 em decorrência da Aids. Destas, 3.100 foram notificadas no Estado de São Paulo.
‘É preciso trabalhar a aceitação da doença'', afirma psicóloga
Deprimidos, negando a doença e até esperando um milagre divino. É assim que muitos jovens chegam à porta da sala da psicóloga Vera Lucia Mencarelli, no Ambulatório de Moléstias Infecciosas da Unidade de Saúde Vila Guiomar - referência para o tratamento de Aids em Santo André -, após serem confrontados com a notícia de que são portadores do vírus HIV.
"É preciso trabalhar para que o jovem passe a aceitar a doença, ao mesmo tempo em que ele desfaz ideias fantasiosas sobre a Aids, como a de que ele irá morrer rápido. A figura de Cazuza ainda é muito emblemática", afirma Vera Lucia.
Segundo ela, esse processo de aceitação inclui muitas vezes a revelação da doença à família, ou, em alguns casos, em assumir a homossexualidade.

Fonte:E:\Cresce o número de meninas portadoras do vírus HIV - Diário do Grande ABC.mht

sábado, 28 de agosto de 2010

VESTIBULINHO ETEC

Município de São josé dos Campos


Etec de São José dos Campos
Endereço: Rua Salmão, 570 - Parque Residencial Aquarius
Tel: (12) 3941-1571 / 3941-1746 / 3942-7806




Programação para o Processo Seletivo Vestibulinho 1º SEM/11.

•De 01/10 até as 15h do dia 22/10/10 - Inscrições do Processo Seletivo

•A partir de 16/11/10 - Divulgação dos locais de Exame•21/11/10 (domingo), às 13h30min - Exame•21/11/10 (domingo), a partir das 18h - Divulgação do gabarito oficial•A partir de 13/01/11 - Divulgação da lista de classificação geral

•17 e 18/01/11 - Divulgação da 1ª lista de convocação e matrícula

•19 e 20/01/11 - Divulgação da 2ª lista de convocação e matrícula

•21/01/11 - Divulgação da 3ª lista de convocação e matrícula

•24/01/11 - Divulgação da 4ª lista de convocação e matrícula

•26/01/11 - Divulgação da 5ª lista de convocação e matrícula

Valor da taxa de inscrição

R$ 25,00 (vinte e cinco reais), para o ensino médio e todos os cursos do ensino técnico.

CLIQUE NO TÍTULO E CONHEÇA MAIS SOBRE A ESCOLA

A ETE Cônego José Bento, tradicionalmente conhecida como Escola Agrícola, é mantida pelo CEETEPS, instituição pública do Governo do Estado de São Paulo, responsável por 108 escolas técnicas.
Com 69 anos de existência, a história da ETE Cônego José Bento tem raízes no século XIX. Foi fundada como orfanato e mantida pelo Cônego José Bento, que dedicou abrigo e formação profissional a crianças de baixo poder aquisitivo até 1887.
Em julho de 1935 é criada a Escola Profissional Agrícola Industrial Mista de Jacareí e em 1936 iniciou as suas atividades escolares, que são mantidas até a presente data. Localizada no centro da cidade de Jacareí, numa área de 33 alqueires, conseguiu transpor um pedaço do campo para a zona urbana.
Atualmente oferece cursos: Ensino Médio, Técnico em Pecuária, Técnico em Agrimensura, Técnico em Meio Ambiente e Técnico em Química.
Desenvolve os projetos de apoio técnico pedagógico: Cooperativa-Escola, Memória do Trabalho, da Técnica e do Ensino Profissional e Rio Paraíba do Sul, Preservando o Futuro.

CONCURSO DE BOLSAS DE ESTUDO - alunos do 9º Ano

Concurso de Bolsas de Estudos 2011


Inscrições abertas na secretaria da escola ECOMPO

Provas dia 26 de Setembro, às 9h, Domingo.

A ECOMPO está situada no Bairro de Santana, um dos mais próximos do centro e de fácil acesso a todas regiões da cidade, pela quantidade de ônibus e transportes alternativos que trafegam por duas importantes avenidas que circundam as imediações da Escola.




Localização:

Contato:



Rua Raul Ramos de Araújo, 283

Santana (próx à matriz de Santana)

São José dos Campos-SP

CEP: 12211-760 Tel/Fax: (12) 3922-8655 / 0800-148550

E-mail: informacoescursos@ecompo.com.br

(para informações sobre os cursos e matrícula)

ecompo@ecompo.com.br

(para outras informações)

LEIA E COMENTE:

16/11/2009 - 18:05 - Atualizado em 17/11/2009 - 20:39 Como os nossos pais?

Divididos entre o autoritarismo e a permissividade, os filhos dos anos 70 encaram a dificuldade de criar os adolescentes de hoje

EDNA DANTAS E ELISA MARTINS

'No meu tempo não era assim.' Quem era adolescente na década de 70 cansou de ouvir essa frase dos próprios pais. Ela era geralmente utilizada para pôr fim a discussões inflamadas durante as quais os filhos tentavam entender por que não podiam fazer determinada coisa. A tijolada derrubava qualquer argumentação e deixava no ar a certeza de que a rebeldia era a única saída. Hoje, quase 30 anos depois, aqueles adolescentes viraram pais num mundo muito mais complicado. Em primeiro lugar, porque hoje em dia o mínimo que se espera dos pais é diálogo. Em segundo lugar, porque não podem apelar para a frase-tijolada - no tempo deles era assim, sim, ou muito parecido.
Do outro lado do balcão, no papel de pais, a vida ficou cheia de dúvidas e contradições para aqueles jovens que romperam barreiras, derrubaram tabus, revolucionaram costumes e enfrentaram proibições com a determinação de quem encara uma guerra. 'A educação formal, arbitrária e imposta sem diálogo, foi o principal alvo de um desmonte progressivo e irreversível que ocorreu na sociedade', diz a professora e terapeuta Lulli Milman, do Serviço de Psicologia Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O medo de reprimir, censurar e reproduzir receitas conservadoras divide espaço na cabeça dos pais de hoje com o instinto de proteger os filhos. Parte dessa nova geração de pais resiste em dar limites às crianças. 'Passou a circular uma idéia de que não se pode dizer não aos filhos', afirma a terapeuta. Outros pais e mães acabaram 'esquecendo' seus anos rebeldes e agindo igualzinho a seus pais e suas mães: com proibições, imposições e pouca conversa, principalmente quando os temas são namoro, horários, sexo e drogas. São tempos de ambigüidade.


MARCELO D2, 34 ANOS, E STEPHAN, 11

Um dos fundadores da banda Planet Hemp, preso e processado por apologia às drogas, D2 fala abertamente sobre o assunto com Stephan, fruto de seu primeiro casamento. 'Quando ele quiser experimentar, vamos sentar, conversar e ver se é mesmo o momento', pondera. 'Ele sabe que eu fumo. Não diz nada, mas faz cara de nojo', conta o rapper. A relação dos dois é de camaradagem, sem proibições. 'Só não gosto de que ele veja certas coisas na TV. O culto à violência me preocupa', diz D2. Certa vez, ele viu que Stephan tinha aberto uma cerveja. 'Perguntei se ele tinha experimentado. Ele respondeu que sim, mas que não tinha gostado', lembra o rapper. E se a resposta fosse outra? 'Não vejo problema. Ele tem consciência das coisas.' Bem mais tímido que o pai, Stephan não se sente à vontade para conversar sobre garotas. 'Mas falo muito sobre camisinha e a importância de se preparar', diz D2, que só é rígido com dinheiro. Stephan não recebe mesada - tem de pedir quando quer comprar algo.
Muita gente resolveu dar à cria a autonomia que não teve. 'A falta de liberdade foi um dos fatores determinantes para que os jovens daquela época desejassem tão ardentemente sair de casa, mesmo que fosse para morar em repúblicas ou dividir apartamentos mínimos com amigos', diz a educadora Tania Zagury, autora de dez livros. Por isso, hoje, o cenário é bem diferente. Os jovens têm o próprio quarto, o respeito dos membros da família a seu espaço, permissão para levar namoradas e namorados para casa, trancam-se quando não desejam falar com ninguém. Talvez por isso não façam o menor sacrifício em prol de ter o próprio canto. Casam-se mais tarde e, se a união não dá certo, voltam sem drama para a casa dos pais. 'Este conjunto de elementos contribui para o alongamento da adolescência', acrescenta Tania. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera esse período como sendo aquele que vai dos 10 aos 20 anos - mas já se aceita que ele se estenda até os 22 ou 23 anos.

JÚLIA LEMMERTZ, 40 ANOS, E LUÍSA, 15
A atriz Júlia Lemmertz vive um dilema. Não sabe exatamente o que pode e o que não pode deixar a filha Luísa fazer. 'Gosto de ir buscá-la quando ela sai à noite', diz. 'Temos mais ou menos um acordo: pergunto onde é a festa e se tem telefone para o qual eu possa ligar', conta. O dilema de Júlia é o mesmo de muitas mães. Ao mesmo tempo em que teme ser liberal demais, não quer ser uma mãe castradora. 'Tento me controlar. E confio muito na Luísa; ela não é do tipo que diz que vai para um lugar e vai para outro.' Aos 13 anos, Luísa fez um piercing na orelha sem consultar Júlia. 'Ela sabe que se me perguntasse eu não ia gostar, pois ela poderia se arrepender depois', justifica a mãe. As duas vão juntas a shows, cinema e teatro. Conversam sobre tudo. 'Digo que ela está no começo da vida. Nessa idade a curiosidade é normal, mas há outras coisas muito melhores para fazer do que pensar em drogas ou bebidas', explica Júlia.
A confusão de valores dos pais teve graves conseqüências para a atual geração de adolescentes, uma população de quase 39 milhões no Brasil segundo o último censo. Meninos e meninas têm contato com cigarro, álcool e drogas cada vez mais cedo - mesmo que não experimentem, ficam expostos por causa dos amigos. A precocidade se estende a outras áreas, como a iniciação sexual. Segundo dados do Prosex, o Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas, em São Paulo, a idade média da primeira relação caiu para 13 anos em ambos os sexos. Opior é que, na maioria das vezes, ela ocorre sem camisinha e sem contraceptivo. Os números do país de gravidez na adolescência viraram questão de saúde pública. Nos últimos quatro anos, o Ministério da Saúde registrou estratosféricos 2,6 milhões de partos em meninas com idade entre 10 e 19 anos. No ano passado, a média era de 1.700 partos diários, representando 26% do total de nascimentos. O flanco também ficou aberto para a Aids: em 2000, foram notificados 342 novos casos, sendo 191 em garotas e 151 em garotos. A geração atual, diferentemente daquela dos anos 80 e 90, não viu seus ídolos e amigos morrendo de Aids, por isso tem menos noção do risco que correm ao fazer sexo sem prevenção.
Os pais têm mesmo de rever sua atuação. Um levantamento da CPM Market Research com 500 adolescentes das classes A e B de São Paulo mostra que o diálogo com a família não é a principal fonte de informação. Entre os meios que utilizam para saber sobre sexo, o item 'conversa com amigos' vem em primeiro lugar, seguido de 'artigos em revistas'.

Fonte:http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI39795-15228,00-COMO+OS+NOSSOS+PAIS.html
Leia outras respostas de Vera Cordeiro


Revista Época

Não está na hora de o brasileiro começar a ter responsabilidade para colocar uma vida no mundo? É necessário instaurar uma política de controle a natalidade no país? Amaro Pereira, Rio de Janeiro, RJ

Em vez de controle da natalidade eu chamaria de planejamento familiar. Porque controle da natalidade é uma palavra que até está gasta, e implica numa posição de autoridade com relação à vida privada de cada família. O que eu acho que está na hora, e que na verdade todos os governos não dão conta. As famílias pobres não têm acesso à pílula anticoncepcional - ou elas comem, ou compram pílula. À camisinha. Diafragma, DIU, então, nem se fala. É através de acesso à promoção de planejamento familiar a todos os homens e mulheres do Brasil é que vai se ter uma vida mais digna. Os postos de saúde têm de dar informação e recursos. Não adianta me informar que tenho que tomar pílula se não tiver dinheiro para comprar. O problema de saúde é muito intersetorial: tem que ter dinheiro. E o posto de saúde não vai poder fornecer o tempo inteiro. Para todas as comunidades, não há recursos para isso. Mas diafragma é um anticoncepcional relativamente barato, você pode usar por anos. Mas assim como é um problema de acesso, a informação não pode ser ensinada de cima para baixo. Você procura entender o que as pessoas já sabem nessa área. E existe uma série de dúvidas que as pessoas têm vergonha de dizer.
Já fui Secretaria Municipal de Saúde e constatei, na prática, o "falso tratamento”. Existe um diálogo entre a ONG e Ministério da Saúde? É possível integrar hospital, equipes de saúde da família e assistência social? Lílian Reis, Taquari, Rio Grande do Sul
O Ministro da Saúde conhece profundamente o Renascer e um de seus assessores veio aqui. E disse: Isso aqui é o ovo de Colombo, vocês estão cercando por todos os lados! O Ministério da Saúde tem tantos desafios daqui para a frente, veja a dengue. Ele está com uma idéia muito boa de os hospitais terem fundações, porque a saúde é tão cara, tomografia, só os exames que tem que fazer, como isso é caro para os cofres públicos! O ministro da saúde, Temporão, que eu respeito muito, quer fazer nos hospitais que melhor trabalham, fundações. O Inca aqui no Rio de Janeiro conta com fundações que ajudam com recursos complementares aos do governo e torna aquele hospital de qualidade. Mas quando alguém da saúde diz isso é uma polêmica danada. Temporão está certo. A saúde para o criança Renascer é um conceito amplo: emprego, moradia, atendimento psicológico, não-violência, é tudo. Tudo acaba provocando doença. Como é que o governo vai dar conta da saúde, só com ações médicas, de um país com esse tamanho e essa desigualdade social? Mais de 500 anos de desigualdade? Empresas e fundações têm que apoiar hospitais públicos. Se uma fundação ligada a um hospital coloca, com transparência, as contas na internet, você não vai dar dinheiro para essa instituição? O governo sozinho não consegue dar conta. Todos os governos ótimos e eficientes, num mundo utópico, já não seria suficiente para algo tão complexo quanto a saúde pública de um país. Em todos os países do mundo. E, em certas situações, o Brasil é muito mais avançado. Aqui o acesso a hospitais é aberto a todo mundo. Aqui você pode morrer na fila, mas não é em todo lugar que esse acesso é universal.
Por que existem tantas ONG’s no Canadá? Ainda que seja um governo rico, o governo não dá conta de todo o problema social dos seus habitantes. Os governos têm uma estrutura que não é ágil, tem muitas regras. Na área de saúde, por exemplo, eu sou contra a estabilidade de funcionários públicos. Numa empresa privada, se o funcionário não trabalhar bem, ele é demitido. Assim como na Renascer. Tem que acontecer a mesma coisa no serviço público. A garantia de emprego vitalício faz com que haja acomodações. As instituições que têm agilidade e eficiência têm que se basear no mérito das pessoas que as fazem funcionar.
Sou psicóloga e estou terminando um doutorado em gravidez na adolescência. Observo que, no atendimento público, muita coisa melhorou, mas minimizar as conseqüências da pobreza na vida das gestantes é que parece ser o ponto vulnerável da questão. Como a senhora lidou com essa questão? Que orientação a senhora daria a alguém que não tem noção de como se organiza uma ONG? Ana Otoni, Rio de Janeiro, RJ
Quem não conhece uma ONG deve ir ser voluntária numa organização social confiável, principalmente nos termos da Ashoka e da Avina, instituições que são como selos de qualidade. Procurar células delas e estagiar como voluntária para entender como funciona a organização. Porque eles são os melhores professores para alguém que queira montar uma organização social.
Nós temos um grupo de adolescentes aqui. Tudo começa com a criança doente do Hospital da Lagoa. Mas o meu sonho é que cada hospital do mundo tenha uma adoção semelhante, não para substituir o governo, mas para complementar o governo. Esses adolescentes são irmãos da criança internada e moram em área de risco, em área de tráfico de drogas. Como a gente faz para prevenir que esse adolescente não se meta em uma encrenca, não vire aviãozinho? A gente discute com psicólogo, assistente social, a vida deles, entre eles. Eles escolhem muitas vezes o tema, mas é muito baseado em sexualidade, gravidez na adolescência. Porque nem a escola nem os pais falam direito. É bonito de ver, um grupo misto de meninos e meninas, a maioria adolescentes, começando a falar coisas que não falam nem em casa nem entre eles, morrendo de rir, tirando as dúvidas sobre a sexualidade. Esse é o primeiro passo: a promoção da troca de informações, de grupos de escuta entre eles com o auxílio de profissionais competentes. Agora, para lidar com a miséria, as nossas crianças têm o apoio estrutural dado à família. O problema principal é a pobreza, ela é nosso core business. Além de lidarmos com os irmãos, estamos empoderando a mãe, dando curso de cabeleireiros, capacitando a mulher dentro da casa dela. A gente ajuda até a montar um puxadinho do lado da casa e ela ganha dinheiro como cabeleireira, manicure, compra um celular e aumenta sua renda.
Fizemos estudos que provaram o aumento de renda: de 108 famílias estudadas antes e depois do programa, notou-se um aumento de 46%. E a quantidade de crianças em situação clínica boa passou de 19% para 47%. Isso significa que não adianta substituir o governo. Não fazemos hemograma, tomografia computadorizada, mas damos sentido e incentivamos as ações governamentais. Em 2005 fizemos uma pesquisa de quanto foi a economia com a diminuição das internações a partir do programa. Foram R$ 777.920 gastos a menos pelo governo em um ano, só com 142 crianças. Pense agora em quanto economizamos em sofrimento.
O Renascer é uma iniciativa da sociedade civil, que acaba por suprir uma carência na área de saúde que é de responsabilidade do governo. Por que as esferas governamentais não usam o modelo do Renascer? Claudio Lins, Rio de Janeiro, RJ
O governo de São Paulo e a prefeitura de Minas Gerais estão querendo fazer. E o de São Paulo, nos termos do que estamos fazendo: fora do hospital, prestando serviço para o hospital. Lá fora, quando eu viajo, todo mundo que trabalha com organizações sociais conhece o Renascer como um case de sucesso de estudo. Aqui, não sei o que acontece. Acho que é um preconceito com ONG. Mas a Ashoka é uma ONG, os Médicos Sem Fronteiras também, o Greenpeace. Então, claro, assim como tem médicos assassinos, tem ONGs que roubam, mas os vários trabalhos bacanas não são divulgados. O Brasil é um celeiro de organizações sociais sérias e não se publica isso. Então, elas são desconhecidas. As pessoas não entendem o conceito de organização social. A ONG pode ser ótima, séria, honesta, mas não necessariamente existir nela o empreendedorismo social. O que é um empreendedor social? É uma pessoa que trabalhou muito tempo em determinada área, a entendeu profundamente e mudou o paradigma naquela área. Quer fazer uma nova escola. O que eu estou tentando fazer é mudar a forma como os profissionais vêem a saúde. E o empreendedor social não fica satisfeito enquanto o conceito que ele quer difundir não são absorvidos pelo status quo. Enquanto não entenderem que saúde não é só dar penicilina e mandar para casa, e não tenha uma visão integrada de saúde, eu não vou sossegar. E o empreendedor não quer só mudar com palavras, quer mostrar na prática que funciona. E não é só uma instituição. Aquele plano que levou anos para ser construído, descoberto o remédio, tem que ir para Bangladesh. Porque a gente sabe que aquilo funciona, então não quer aquilo só para 100 pessoas. Tem uma frase do Fazle Abed, fundador do BRAC, o maior projeto social do mundo, que diz: “small is beautiful, but big is necessary”. Então é isso: o pequeno é bonito, mas hoje em dia a probreza no mundo é tanta que o grande é necessário.
É o que o fundador da Ashoka falou agora em Oxford: não quero mais ouvir falar em for profit e non profit. É um mundo só. Ou vamos todos ou não vão nenhum. O Chiquinho (personagem dos produtos cuja venda é revertida para a ONG), por exemplo. Eu entendi que um dia eu tinha que criar uma empresa dentro do Renascer, para eu no futuro não ter de ser uma mendiga internacional como sou hoje. E porque é importante um líder trabalhar para fundar uma instituição, mas o que vai sobreviver é a instituição.
 
Como é captar recursos pra ir em frente com sua maravilhosa obra, todos os meses? Quais são as principais dificuldades? Elias da Silva Araújo, São Paulo, SP
Nos Estados Unidos, como cidadão americano, você pode doar parte do seu imposto de renda para o governo, parte para a instituição que você acredita. Claro que não é toda instituição. Ela tem que passar por um nível de já ter bem pesquisada, uma cotação boa. Então isso ajuda muito, não precisa ter uma enlouquecida como eu buscando dinheiro no mundo inteiro. Isso é um ponto crucial. Por que no Brasil não tem isso? É só fazer uma triagem das ONG’s sérias que elas vão receber dinheiro e crescer cada vez mais! O Greenpeace tem milhões de doadores no mundo inteiro. Eu quero que o Renascer vire um Greenpeace na área social. O não reconhecimento público do trabalho, sem prêmios e divulgação, também dificulta.
 
Como funciona o trabalho voluntário na sua instituição? Quem tem algum tempo livre e muito boa vontade pode se candidatar?Marcílio Teixeira Marinho Filho, Rio de Janeiro, RJ

No Renascer, nós somos um tripé. Tem o Hospital da Lagoa, e tem duas sedes, perto do hospital, para não haver dificuldade das pessoas acessarem. Uma vez por mês os voluntários se inscrevem para participar. A gente faz uma reunião com eles e, antes disso, verificamos, entre as várias áreas: financeira, administrativa, comunicação, área direto com as famílias, recreação no hospital, recreação dentro da sede, voluntários para a profissionalização das famílias. Como eu tenho muito voluntário aqui uma determinada área às vezes não quer mais voluntários, mas esse candidato pode participar ajudando em outra área até vagar na que ele quer novamente. Nossos voluntários são muito fiéis. Tem voluntário que praticamente começou aqui, há 16 anos. Elas geralmente tem entre 30 e 60 anos, a maioria mulheres. Jovens são poucos. Às vezes vêm nas férias, mas geralmente de outros países. Lá eles fazem fila, porque para se formar eles têm que prestar um número de horas de serviços voluntários. E quem ajuda vem em média uma ou duas tardes por semana. Mas tem quem trabalhe de casa, depende da área.
Outra coisa que estou vendo que mais traz recursos e mobiliza a sociedade civil é ser padrinho. Para isso, você se inscreve e diz que quer doar uma quantia por ano, acima de 30 reais. Aí você recebe um carnê para pagar um valor e receber, a quatro meses, você vai receber um relatório sobre as áreas, como casa, auto-estima da mãe, doença da criança, irmãos de cada família. Você recebe um ímã de geladeira com a foto da família e, se quiser conhecê-los, tem que vir aqui para conhecê-los.
 
Como a senhora está trabalhando para garantir que o Saúde Criança Renascer seja uma instituição perene e sustentável a longo prazo? Rene Martins, Rio de Janeiro, RJ

Esse tem sido meu foco de vida agora. Há duas formas. Um é fazer um fundo patrimonial para a Renascer. Porque o problema das organizações sociais é que hoje elas têm um patrocinador, mas depois aquele patrocinador migra para outro projeto e aquele trabalho morre. O que acontece nos EUA? Lá, o Parque de Boston tem um fundo patrimonial. Uma mulher que cuida de quarenta crianças autistas tem um fundo de 3,5 bilhões de dólares. O MoMa, o museu, tem um fundo patrimonial. As universidades também. Eles são organizados. Quanto mais sólidas as instituições, mais sólido o país. O que vai ficar perene são as instituições, que estão acima das pessoas. Então me dei conta de que tinha de criar um fundo patrimonial para o Renascer num país que não tem cultura disso. Como? Porque nos EUA e na Europa as pessoas doam para as instituições que elas acreditam, para a escola que elas estudaram, para o museu que visitam. Aqui no Brasil as pessoas não doam nem para a atividade em si, quanto mais para um fundo patrimonial. Mas como o Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, faz parte do nosso conselho, temos um conselho poderoso com membros muito conscientes, já existe o fundo patrimonial do Renascer. Quem quiser doar online vai poder, mas tem que esperar um pouco, porque o site ainda não está pronto. Mas quem quiser já pode ligar.
Os funcionários sempre vão ter que fazer captação de recursos mas, em alguma eventualidade, a instituição não vai morrer porque houve uma migração de patrocinadores para outros projetos. E tem o Chiquinho, que já é 13% da nossa renda. Já temos um quiosque para vendê-los, doado de graça no Shopping Rio Sul. Mas precisamos de mais. Para aumentar a sustentabilidade perene do Renascer.
 
Como nós, cidadãos comuns, podemos ajudar a melhorar a saúde do país? Iracema Fanzeres, Rio de Janeiro

Se engajando em organizações sérias na área de saúde. Entre no nosso site (www.criancarenascer.org.br) e você vai ver que já existem várias.



Sou médica e constato que quanto mais graves são as patologias, mais intensos são os tratamentos pela sua complexidade. Com isso, percebo muitas vezes que as condições nutricionais e emocionais das crianças se agravam após o tratamento. Como melhorar as condições desses pacientes nessa situação? Existe acompanhamento domiciliar? Graça Dantas Oliveira, Campinas, São Paulo

Existe acompanhamento domiciliar sim. Dependendo do hospital onde ela trabalhe, ela tem de tentar que ele tenha a mesma missão e autonomia do Renascer. É preciso que o lugar em que você trabalhe tenha uma atuação intersetorial. A gente faz sim visita familliar, a família vem uma média de duas a três vezes por mês no Renascer. Uma nutricionista pesa a criança, dá orientações, acompanhamos de perto no pós-hospitalar, inclusive domiciliar. Até para ver como a situação está lá. No início do tratamento, no meio e, às vezes no final. Mas não é toda hora, porque não há dinheiro para isso. Mas temos um psiquiatra voluntário, uma psicóloga contratada com mais seis voluntárias que a apóiam, uma nutricionista, quatro assistentes sociais, advogados e engenheiros e arquitetos que vão à casa melhorar a moradia.

Recentemente, houve várias denúncias de contratos fraudulentos do governo com ONGs. A senhora acha que isso prejudica o seu trabalho? Cássio Souza da Silva, Belém, Pará

De uma certa forma você tem razão. Mas não é bem isso que prejudica. Eu acho que as ONGs corruptas têm que ser denunciadas, mas o que prejudica é a não-divulgação das ONGs seríssimas que esse país tem. O brasileiro tem uma visão ruim de ONG. Cabe à mídia mostrar as exemplares.
Hoje o paciente dá entrada no Hospital Geral, é internado e depois encaminhado para acompanhamento ambulatorial. Penso que o caminho deveria ser o inverso: o paciente deveria ter um atendimento digno no ambulatório e, se necessário, seria encaminhado ao Hospital. O modelo atual tem um custo muito alto para o Estado. Pior: o paciente recebe este tratamento como se fosse um privilégio, e não um dever do Estado. Como resolver esse problema? Benedito Aparecido Dias, Campinas, São Paulo
Concordo plenamente. As ações ambulatoriais têm muito foco quando o paciente está doente. O SUS é uma estrutura maravilhosa, conhecida mundialmente como algo de vanguarda. É o Sistema Universal de Saúde. O problema é a execução. O paciente que não é internado. A medicina preventiva no nosso país não tem foco! Quando eu passo informações para adolescentes sobre gravidez ou outros grupos sobre AIDS, eu estou fazendo medicina preventiva. Nos hospitais deveria haver cada vez mais educação para a saúde, uma ênfase nos pacientes externos, na promoção da saúde do que no combate à doença. Médico entende muito de doença, mas não entende de saúde. Os próprios médicos são muito doentes. No mundo oriental é o contrário: o médico ganha pela quantidade de pacientes que ele deixou de atender. Deveria haver voluntários nos hospitais públicos. Eu tento decodificar a medicina e mostrar que um cidadão comum pode trabalhar para a promoção da saúde, mesmo não sendo médico.
 
Como fazer para que a comunidade carente de Salvador seja beneficiada por seu projeto? Perola Souza, Salvador, Bahia
Entre em contato com a Cláudia Balbuena, responsável no Renascer pela replicação do modelo, no (21) 2266-1446, ramal 25
 
O que a incentiva a continuar com o projeto de dar assistência a essas crianças que precisam de ajuda? Renato da Silva Cavalcanti, Caruaru, Pernambuco

É eu perceber que tudo que a gente fala como nossa missão em nosso site, com nossos cinco critérios de alta, com pelo menos um dos membros da família ganhando salário mínimo, a saúde da criança estável, todas as crianças na escola, todos os documentos em ordem e moradia recente. Quando eu vejo tudo isso acontecer e vejo as pessoas emocionadas com a mudança de patamar de qualidade de vida eu me animo a continuar lutando.
 
Como a senhora avalia o trabalho da Ashoka? Sérgio Coutinho, Maceió, Alagoas

Eu acho a Ashoka uma das maiores instituições em termos de seriedade, de credibilidade, de eficiência do mundo. Eu conheço hoje em dia muitas organizações sociais e a Ashoka foi a primeira no conceito de empreendedorismo social. A Ashoka ajuda as empresas nos vários estágios em que ela está.
Eu não gosto muito desse nome ONG, porque você define uma coisa pelo que ela não é. Prefiro “Organizações da Sociedade Civil”. E também não gosto de terceiro setor. É setor cidadão. Um país é forte quando tem uma sociedade civil pulsante e forte, assim como o governo e os empresários. E que se interconectem. Uma frase do Stephan Schmidheiny, presidente da Avina, que é outra instituição que ajuda empreendimentos sociais, diz: não existem empresas de sucesso numa sociedade falida. Os empresários, até para o lucro das empresas, precisam se conectar com as instituições sérias do país. Não existe esse conceito de as que dão lucro e as que não dão. No fundo, uma ação social tem que ser híbrida. Vai ter que ser capaz de, aos poucos, promover seu auto-sustento. E as empresas têm que gerar empregos, vender seus produtos, mas transformar a sociedade sim.
 
O problema da pobreza ficou sendo do governo. “Ah, mas eu já pago imposto, já faço minha parte”. Não, não é suficiente. Mesmo nos países de primeiro mundo, onde as pessoas pagam imposto e trabalham na área social. Existe uma cultura de voluntariado! Por que aqui essa cultura não pode existir?
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI3257-15228,00.html

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